sexta-feira, 20 de novembro de 2015

siete casas vacías

Lançado em maio deste ano, "Siete casas vacías" ganhou o IV Premio Internacional de Narrativa Breve Ribera del Duero. São sete contos, quase todos curtos. Na verdade só um deles é longo, tão longo que alcança a soma das páginas dos demais. Pois justamente esse, "La respiración cavernaria", ilustra bem o estilo de Schweblin, onde sempre encontramos personagens que vivem um drama paralisante; um mundo que parece bizarro, irreal; diálogos belíssimos que também provocam ou flertam com a ambiguidade das idéias, dos conceitos. Lola, protagonista de "La respiración cavernaria", é alguém que sofre da doença de Alzheimer ou algo igualmente degenarativo. Demoramos um tempo para decifrar a ordem dos fragmentos do que ela é capaz de lembrar a cada dia e assim compreendermos afinal o que se narra. Nos demais contos os personagens também experimentam jornadas angustiantes. Entretanto Schweblin alterna neles cenas curtas, bem cômicas, de puro contrassenso, com outras terríveis, plenas de dor e solidão, daquele tipo de solidão que poucos sabem tolerar sem enlouquecer (e daquele tipo de dor que nos modifica para sempre): Em "Nada de todo esto" uma garota narra os atos de cleptomania selvagem da mãe; em "Mis padres y mis hijos" um sujeito visita a ex-mulher e assiste inerte a sucessão de confusões provocadas por seus pais amalucados; em "Pasa siempre en la casa" um filho se exaspera com as contínuas visitas que sua mãe faz aos vizinhos para lamentar a morte do filho deles; em "Cuarenta centímetros cuadrados" nos surpreendemos com o quê faz uma mulher que sai de casa com planos de apenas comprar aspirinas para a sogra; em "Un hombre sin suerte" é uma menina quem se afasta dos pais, momentaneamente mais preocupados com sua irmã num hospital, e acaba se envolvendo numa trapalhada; em "Salir" uma mulher sai do chuveiro, parece congelar naquele instante o tempo, abandona o que dizia ao marido, caminha por seu bairro, conversa com um desconhecido, toma café e retorna para casa, para ali terminar de enxugar seu corpo, algo mudada. São contos menos surreais e fantásticos que aqueles de "Pássaros na boca", mas igualmente densos e bem escritos. A ver o que Samanta Schweblin fará no futuro.
[início: 30/10/2015 - fim: 06/11/2015]
"Siete casas vacías", Samanta Schweblin, Madrid: Editorial Páginas de Espuma,(Colección voces / Literatura 213) 1a. edição (2015), brochura 15x24 cm., 123 págs., ISBN: 978-84-8393-185-1

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