quarta-feira, 16 de maio de 2012

trovar claro

Publicado em 1997, "Trovar claro" é o terceiro volume de poemas de Paulo Henriques Britto (Liturgia da matéria é de 1982 e Mínima lírica de 1989). Ganhou o prêmio Alphonsus de Guimaraens (da Biblioteca Nacional). Como todo bom livro de poemas este ficou a meu lado por várias semanas (junto com outros, sobre os quais falarei aqui em breve). Não há um único poema em Trovar claro que seja ruim. Todos provocam o leitor a pensar, a acompanhar os argumentos, a entender as citações, o ritmo e a cadência de cada um deles. Acho até que qualquer jovem que tenha aspirações poéticas deveria evitar este livro, pois certamente vai se assustar com a qualidade deles, com o poder de encantamento deles. E ele alerta o leitor: "Não escreva versos íntimos, sinceros, como quem mete o dedo no nariz." É fácil ser piegas e bobo, melhor deixar este ofício para quem tem mesmo talento e disciplina, como ele. Uma frase solta em um dos poemas ("Memória, a mãe amorosa de todas as mortes") martelou em mim por semanas. Outro ("a água é pura espera, como um túmulo egípcio") me lembrou cousas e leituras antigas (como a de meu Proust velho de guerra, que dizia que a visão do mar nos consolaria). Há um certo otimismo no livro (talvez seja apenas o efeito de um vício típico dos bons professores). Augusto Massi assina uma boa apresentação ao livro. O último dos poemas da coletânea (No alto) é um assombro, uma cousa que qualquer sujeito gostaria de assinar, mas que eu me contento em apenas ler. Vale. [início 04/02/2012 - fim 13/05/2012]
"Trovar claro", Paulo Henriques Britto,  São Paulo: editora Companhia das Letras, 1a. edição (1997), brochura 12,5x18 cm, 123 págs. ISBN: 85-7164-693-7

2 comentários:

Unknown disse...

Nessa resenha, comentário, memória, água, você se superou. Obrigado pela dica valiosa. Abraços.

Aguinaldo Medici Severino disse...

Djabal meu caro, como vais?
Grato pela mensagem. De fato eu fiquei impressionado com este livro (mas você tem de ler o que vou escrever do último dele - formas do nada - que é mesmo uma jóia rara e preciosa).
Abraços fortes.
Aguinaldo