segunda-feira, 12 de março de 2012

não depois do que aconteceu

Encontrei este livro em um dos balaios da última Feira do livro de Porto Alegre. O preço que paguei foi uma indecência. Seguro que os autores devem ser poupados do constrangimento de ver seus livros em dias de saldo. A edição é do Instituto Estadual do Livro (do Rio Grande do Sul), de quinze anos atrás. Li os contos com muito interesse e prazer. São histórias curtas, duas, três ou quatro páginas, boa parte delas. Laub tem uma imaginação poderosa e saber adequar a linguagem do que narra à atmosfera criada em cada um dos contos. Os temas são cotidianos, nada é fantástico, exótico ou surrealista. São histórias banais, corriqueiras: Uma fisioterapeuta não sabe dizer se o que pratica é vocação ou expiação de uma culpa; um advogado relata as felicidades mirradas de sua vida; um sujeito em Londres cataloga os hábitos de um casal de amigos; uma mulher entediada flerta com o suicídio; um rapaz conta seu tempo e procura um emprego; um "shaper" sonha com uma vida de surfista profissional; num bairro amalucado um sujeito se imagina dono de uma árvore; um rapaz estuda com estoicismo e sonha melhorar de vida; na rotina besta de uma base militar um sujeito delata seus colegas; mochileiros na Grécia são arrebatados (mas também entediados) pela beleza do lugar; um sujeito comete um crime e se percebe impune, elabora estratégias de auto-indulgência. O conjunto não chega a formar um mosaico compacto, auto-referente, mas demonstra que Laub sabe produzir bons contos. Minha cota anual de literatura brasileira sempre é modesta, mas desta vez pretendo me aventurar mais. Vamos a ver o que se passa. [início 07/03/2012 - fim 08/03/2012]
"Não depois do que aconteceu", Michel Laub, Porto Alegre: Instituto Estadual do Livro, 1a. edição (1998), brochura 14x21 cm, 95 págs. ISBN: 85-7063-223-1

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