segunda-feira, 4 de julho de 2011

se um de nós dois morrer

Semanas atrás li um livro inspirado nos romances e histórias de Enrique Vila-Matas (o bom "Conversas apócrifas de Enrique Vila-Matas", de Kevin Falcão Klein, que já resenhei aqui). Este "Se um de nós dois morrer" também é inspirado por Vila-Matas, mas pertence ao universo da ficção e não do ensaio (como é o caso do livro de Klein). Trata-se de um pequeno livro, bem editado, onde se faz uso de fontes diferentes, cores no texto, fotografias. O resultado, literariamente falando, é mediano. Claro, funciona como homenagem ao "mestre", a Vila-Matas, pois lembra o estilo fragmentado dele, tanto no uso massivo de referências literárias quanto no típico jogo erudito entre escritor e leitor que sepre encontramos em seus livros. A história de Roberto Pires começa com a morte de um escritor chamado Théo (um deus ex machina, claro), que deixa instruções detalhadas para sua namorada seguir após sua morte. A primeira das instruções é fazer com que Sofia (a namorada, arquétipo do conhecimento e sabedoria, claro) leve suas cinzas para o cemitério francês Pere Lachaise, para serem deixadas próximas às tumbas dos escritores que ele mais reverenciava. Ficamos sabendo que ele vivia bloqueado literariamente após der publicado um único livro. Nos anos de bloqueio literário, entre bebedeiras, viagens a França, trocas de namoradas e brigas com seu editor canalha (um personagem enigmático, que poderia aparecer com mais relevo na história a meu juízo, ele reuniu uma série de apontamentos, cartas e notas que acredita úteis como material para um livro, caso cheguem às mãos da pessoa certa: o escritor catalão Enrique Vila-Matas. Sofia, diligente como só os personagens totalmente fictícios sabem ser, presta-se a esta tarefa. Aproveitando a presença do escritor na festa literária FLIP, que acontece anualmente em Paraty ela viaja para fazer a última das vontades de seu namorado. O livro de Roberto Pires tem passagens inspiradas, uns dados interessantes (que da mesma forma que nos livros de Vila-matas podem ou não serem críveis) mas o livro como um todo não me convence. Prefiro os originais de Vila-Matas. Paciência. [início 27/06/2011 - fim 29/06/2011]
"Se um de nós dois morrer", Paulo Roberto Pires, Rio de Janeiro: editora Objetiva, 1a. edição (2011), brochura 14x23,5 cm, 117 págs. ISBN: 978-85-7962-077-5

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