sábado, 22 de maio de 2010

cidades da planície

Com "Cidades da planície" Cormac McCarthy termina sua trilogia da fronteira. No primeiro volume John Grady Cole e seus companheiros adentram um México idílico sabendo apenas como se comportam os cavalos e não os homens. Ali Cole conhece o amor e as perdas capitais. No segundo volume Billy Parham três vezes cruza a fronteira entre os Estados Unidos e o México em busca de algo, mas nas três vezes fracassa. Neste último volume encontramos Cole e Parham trabalhando em uma grande fazenda do sul dos Estados Unidos, como domadores de cavalos. A segunda guerra mundial já acabou e o mundo dos vaqueiros é algo anacrônico mesmo para aqueles que nele vivem. A América de 1950 é contrasta com aquela que saiu dividida e selvagem de sua guerra civil (em 1870). O livro é dividido em quatro capítulos e um epílogo. Cole e Parham vivem de suas habilidades com o gado e os cavalos. Cole se apaixona por uma garota mexicana que trabalha em um bordel. Apesar dos conselhos de seu empregador, de um pianista cego (que lembra, claro, Homero) e de seu amigo Parham, Cole decide primeiro convidar a moça a sair do bordel, depois comprá-la de seu cafetão e por fim forçar sua saída. Após todos estes sucessos não surpreende o leitor encontrar um final trágico para esta história (os ecos gregos retumbam em toda a trilogia). O combate singular entre Cole e o cafetão, armados de punhais, é muito plástico, muito bem escrito. No epílogo encontramos Parhan velho e empobrecido, mas sem rancor. Ele ouve os sonhos de um sujeito que encontra em um bar (este sujeito bem pode ser a morte, curiosa da versão de Billy sobre suas histórias e seus sonhos). Ambos dividem longas reflexões sobre a vida e a morte, sobre o contínuo fluxo de gerações e sucessos. Por fim se hospeda na casa de uma família típica do rico e poderoso Estados Unidos em que seu país se transformou. Sonha com seu irmão. Se este é um livro menos movimentado que os dois anteriores, ainda assim é muito bom. Trata-se de uma espécie de coda, algo que leva o leitor a refletir, a filosofar, com vagar e precisão. Esta trilogia entra sim na minha cota dos belos livros. [início 06/05/2010 - fim 10/05/2010]
"Cidades da planície", Cormac McCarthy, tradução de José Antonio Arantes, editora Companhia das Letras, 1a. edição (2001), brochura 14x21 cm, 343 págs. ISBN: 978-85-350-0133-7

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