terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

o medo de montalbano

Nestas férias curtas calhou-me ler livros algo ligeiros (vamos dizer assim). Livros de memórias, guias de viagem, cartuns ou coletâneas de contos são para se desfrutar sem pressa e rigor, podemos esquecê-los em uma mesinha e logo retomá-los, sem muita perda do enredo ou do sentido. Num final de semana destes fui visitar os Missell (Frank e Val, Isabella, Thomas e Daniel, que beleza de passeio) e levei para ler na viagem um livro mais sério (umas crônicas do Javier Marías) e um de contos policiais (do Andrea Camilleri). Claro que só li o de contos, pois contos policiais são o exemplo acabado deste tipo de literatura ligeira. Bueno. No ano passado descobri Camilleri e seu curioso personagem Montalbano, o comissário observador, incorruptível e eficientíssimo. Neste "O medo de Montalbano" somos apresentados a três contos bem curtos e três histórias mais longas. De fato Montalbano é um bom personagem, tem sua profundidade psicológica, suas fraquezas, seus rompantes (em algum lugar Manolo Vazquez está feliz com isto). Os personagens secundários também têm suas idiossincrasias, seu estofo. Camilleri explora o uso corrente de vários dialetos usados na Itália. Um dos personagens é uma pessoa bastante simples, tosca, que fala de um jeito que gera muita confusão em seu local de trabalho. Eu sabia que existiam dialetos na Itália, mas curioso sobre o assunto estudei um tanto e descobri que eles são mais de trinta (a maioria incompreensíveis entre si), e que atualmente 50% da população italiana alterna entre o italiano formal (de origem toscana, intermediário entre os dialetos do sul e do norte ) e algum dialeto. O livro explora bem isto, usando nas tramas vária vezes as dificuldades de comunicação entre as pessoas. Em alguns destes contos Montalbano é ajudado por seus próprios sonhos, noutros é seu puro instinto que elucida a trama. O papel destas componentes inexplicáveis nas investigações incomoda Montalbano, pois em geral ele usa somente sua razão para antecipar os crimes. Enfim, "O medo de Montalbano" é o livro certo para se desfrutar sem medo nos dias em que calmamente nos refrescamos "by this sun", sob este sol de verão. [início 05/01/2010 - fim 18/01/2010]
"O medo de Montalbano", Andrea Camilleri, tradução de Joana Angélica d´Avilla Melo, editora Record, 1a. edição (2009), brochura 13,5x21 cm, 300 págs. ISBN: 978-85- 01-08400-2

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