terça-feira, 5 de janeiro de 2010

estampas bostonianas

Não gostei nem um pouco deste pequeno livro de Rosa Montero. “Estampas bostonianas y otros viajes” reúne 7 textos produzidos originalmente para publicação em jornais. Os textos foram escritos entre 1979 e 1998 como reportagens ligeiras e a meu juízo deveriam ter continuado a amarelecer junto com os jornais onde foram impressos. Ela fala de um lugar onde viveu por longo tempo, trabalhou, aprendeu a conhecer bem (Boston) e de lugares que apenas visitou por encomenda, por conta de seu trabalho de jornalista (Iraque, Austrália, Polo Norte, Sahara Ocidental, China, Alaska). Quase todos soam anacrônicos neste final da primeira década do século XXI. Acho que a publicação em livro de textos desta natureza só tem interesse historiográfico. O estranhamento que temos é parecido com aquele que experimentamos quando por ventura nos cai em mãos um texto de nossa juventude, encontrado entre as páginas de um velho livro. Percebemos logo a falta de estofo, de informações ainda confiáveis, de alguma verdade perene, de algum ritmo e estilo literário satisfatório. Arre! Que diferença das crônicas de Javier Marías, também escritas para jornal, que li recentemente. Nele tudo ainda parece falar da verdade imediata, dos acontecimentos de nosso tempo. A voz vem do passado, sabemos disto, mas ainda é poderosa e leva o leitor a pensar. Talvez seja esta a grande arte de um bom cronista de costumes, um bom leitor da alma humana. Pois eu abandonarei Rosa Montero no passado e seguirei em frente. [início 10/12/2009 - fim 12/12/2009]
"Estampas bostonianas y otros viajes", Rosa Montero, editora Punto de lectura (2a. edição) 2008, brochura 12,5x19, 171 págs., ISBN: 978-84-663-2121-1

3 comentários:

Anônimo disse...

Your blog keeps getting better and better! Your older articles are not as good as newer ones you have a lot more creativity and originality now keep it up!

Aguinaldo Medici Severino disse...

many thanks!

Anônimo disse...

"A Rua dos Cataventos - I

Escrevo diante da janela aberta.
Minha caneta é cor das venezianas:
Verde!... E que leves, lindas filigranas
Desenha o sol na página deserta!

Não sei que paisagista doidivanas
Mistura os tons... acerta... desacerta...
Sempre em busca de nova descoberta,
Vai colorindo as horas quotidianas...

Jogos da luz dançando na folhagem!
Do que eu ia escrever até me esqueço...
Pra que pensar? Também sou da paisagem...

Vago, solúvel no ar, fico sonhando...
E me transmuto... iriso-me... estremeço...
Nos leves dedos que me vão pintando!"

Mário Quintana

quando li teu comentário, lembrei desse soneto.

Obrigada pelos votos.
Tudo de melhor pra ti nesse novo começo; nessas páginas ainda em branco, em busca de tons coloridos!

Grande abraço!

Thaís.