domingo, 7 de setembro de 2008

paraíso perdido

Li este "Paraíso Perdido" assim que terminei o "Caminhos para Santiago", de um Nooteboom para outro. Gostei do livro. É pequenino, cento e cinquenta páginas. Lê-se em um final de semana de sol, sem medo. O livro começa com uma epígrafe de Walter Benjamin que já dá o tom duro do livro (algo envolvendo o conceito de progresso humano.) Nos livros de Nooteboom os personagens estão sempre viajando, de um lado para o outro do mundo, tentando entender a si mesmo e ao próprio mundo. Neste duas brasileirinhas são personagens importantes, começam sua saga em São Paulo, mas logo se vêem primeiro na Europa e depois na Austrália. No enredo o que está em jogo pareceu-me ser a descoberta se há redenção pessoal possível em qualquer queda, ou ainda, se alguma redenção pode ser desejada e alcançada após uma queda (não estaríamos sempre em queda após o pecado original afinal de contas, parece dizer o autor.). O texto é repleto de flashs, pinceladas curtas que deixam a continuação e o desfecho das situações apenas subentendidos. Há duas sessões grandes e simétricas no livro, cada uma com quinze capítulos. A primeira parte da conta da partida e das primeiras experiências de duas amigas brasileiras na Austrália. Na segunda parte mudamos de personagens e de paisagem. Um sujeito (editor e/ou crítico literário) sai da planície holandesa e vai às alturas de um spa suiço tentar emagrecer um tanto. Lá reencontra uma das moças da primeira parte, fortuitamente e eles têm a chance de discutir uma experiência que tiveram na Austrália. Não há desfecho possível para o livro. Mas no final um curioso epílogo explica algo. O epílogo me pareceu uma conversa de uma das personagens com o autor do livro, como se ambos estivessem avaliando o resultado da escritura em si do livro, ou melhor, como se o escritor estivesse tentando saber se a personagem gostou do resultado do livro. Interessante. Grande autor este sujeito.
"Paraíso Perdido", Cees Nooteboom, tradução de Cristiano Zwiesele do Amaral, editora Companhia das Letras, 1a. edição (2008) brochura 14x21cm, 153 pág. ISBN: 978-85-359-1229-6

Um comentário:

LIBRERÍA MAMUT disse...

En www.libreriamamut.es tenemos la primera edición de la editorial Siruela, firmada por el autor.
Espléndido ejemplar de una novela deliciosa.