terça-feira, 13 de novembro de 2007

verdade

Achei este livrinho na CESMA, um tanto sem querer. É mesmo um livro pequeno, 10x16cm, cento e poucas páginas, discreto na estante. Por sorte estava com don Robson ao lado que me disse na hora: "onde você achou? quero também um exemplar para mim!" Segundo ele Harry Frankfurt é um filósofo americano bastante respeitado (professor emérito em Princeton). Em meados dos anos 1980 publicou um livro traduzido no Brasil por "Sobre falar merda", que vendou muito no mundo todo. Sua idéia naquele livro é, (aparentemente, já que não li o livro, mas li sobre o livro) condenar a capacidade infinita que o homem moderno tem hoje de falar bobagens e platitudes sem fim sem o menor compromisso com a verdade. Mas este é um outro livro que eu vou ter de comprar e ler um dia destes. O que achei na CESMA é "Sobre a Verdade". Neste livro ele argumenta que a verdade sobre qualquer assunto e circunstância é de fato um bem muito importante para toda a humanidade e em hipótese alguma pode ser deixada de lado, permitindo que imbecis, néscios, sandeus, desmemoriados e embusteiros falem bobagens em seu lugar. O livro é pequeno o suficiente para não permitir muita digressão, mas certamente é convincente. Segundo ele o compromisso irrestrito com a verdade é o que separa racionalmente homens das bestas. Qualquer ser humano não comprometido com a verdade está assim preferindo voltar à nossas origens mais primitivas, fugindo das regras e do convívio social honesto. Para quem vive em um país especialmente perverso, onde a falsidade, o embuste e a mentira são mais do que moeda de troca circunstancial, mas o modo de vida da grande maioria da população, este é sim um livro importantíssimo. Gosto de dizer que na dúvida prefiro usar um taco de beisebol quando estou tratanto com imbecis. Não há meio termo: ou cultivamos nosso jardim de delícias e verdades ou voltamos a pastar nos capinzais da ignorância. Fundamental este livro. Longe de ser um panfleto é um pequeno roteiro de como devemos valorizar a verdade e até mesmo cultivar o hábito de verificar se estamos mesmo no caminho certo em cada escolha moral, em cada contrato, em cada decisão, em cada procedimento. Portanto, parece dizer ele aos canalhas de plantão, esqueçam esta quimera de acreditar existir meia ética, meia verdade, meia retidão: "É a verdade, estúpido!"
"Sobre a Verdade", Harry G. Frankfurt, tradução de Denise Bottmann, editora Companhia das Letras, 1a. edição (2007) ISBN: 978-85-359-1073-5

Um comentário:

Ronai Rocha disse...

Não sabia dessa tradução. Vou providenciar um para mim ali na Cesma. Gracias!