sexta-feira, 13 de julho de 2007

homens-bonsais

Vi este livrinho na CESMA, na sessão de livros infantis, e estranhei o nome do autor. Descobri que o Manolo Montalbán também se aventurou pela literatura infantil. Li em uma viagem sossegada de ônibus pensando nos paralelos possíveis com seus livros para adultos e para aborrecidos contumazes como eu. No livro um grupo de jovens estranha a presença de um criador de bonsais na cidade e seus hábitos de recluso. Aos poucos eles descobrem que além de bonsais típicos ele utiliza a mesma técnica utilizada nas árvores para tentar obter versões em miniatura de cachorros e seres humanos. Expulso o dr. Moreau de Montalbán um outro sujeito estranho ocupa o terreno de sua casa e constrói ali um castelo de vidro. A curiosidade dos jovens faz com que eles novamente enfrentem o desconhecido. Trata-se mesmo de um esforço por apresentar aos jovens leitores alternativas à massificação do mundo moderno, onde de fato todos estão sujeitos à miniaturização de seus cérebros, embotados por demandas artificiais, bobagens, mitos e multiplicação de ignorância. Não sei avaliar se esta abordagem toca um jovem leitor, pouco familiarizado com o contexto e os protagonistas que governam os temas da vida moderna. De qualquer forma é um livro que leva o leitor a pensar na sua vida e nos seus hábitos. A metáfora dos homens-bonsais é muito boa mesmo. Em tempos menos politicamente corretos já usei o termo anão-mental para descrever estes escravos da estupidez e estultice que graçam nestes pagos tupiniquins. Estamos mesmo rodeados de néscios, sandeus, abúlicos de toda sorte, pascóvios incapazes de completar uma frase com algum significado que seja. Millôr Fernandes estava certo quando criou o neologismo "idioletice" para descrever o comportamento dos milhões de idioletas deste Brasil, de homens que têm um vocabulário pessoal único e incompreensível para os demais. Montalbán descreve como a juventude pode eliminar os criadores de homens-bonsais, e nisto devemos partilhar um tanto seu otimismo.
“O Senhor dos Bonsais”, Manuel Vázquez Montalbán, tradução de Rosa Freire d'Aguiar, Editora Companhia das Letrinhas, 1a. edição (2002) ISBN: 978-85-359-0029-2

2 comentários:

Anônimo disse...

intiresno muito, obrigado

Aguinaldo Medici Severino disse...

ulalá
bom divertimento.
até uma próxima
a.m.severno