terça-feira, 20 de março de 2007

mexicano curioso


Este é um livro curioso que li basicamente no ônibus, viajando. Ele demonstra que não há limites à criação literária e no fundo sempre haverá um sujeito que vai inventar um jeito diferente de contar uma história. O mexicano David Toscana tem 46 anos e já publicou vários livros e os teve traduzido para várias línguas. O último leitor é o primeiro livro dele traduzido para o português brasileiro. Trata-se de um romance sobre um velho senhor que é o bibliotecário de uma cidade perdida nos desertos do México que lentamente vai substituindo a vida factual pelo universo dos livros, confundindo-os e reinterpretando-os repetidas vezes. A cidade está sem água já há vários meses. O bibliotecário têm um filho que logo no primeiro capítulo do livro retira o corpo de uma menina de seu poço (o único da região que ainda tinha água potável na cidade). Ela foi aparentemente morta e jogada lá. Curioso como vários livros que li recentemente usam este artifício de apresentar um crime logo no primeiro capítulo - "Meu nome é vermelho" do Ohram Pamuk, prêmio Nobel do ano passado, é um dos casos; "Eragon", do jovem Paolini, outro. Todo aquele que gosta de literatura não convencional vai gostar deste curto livro. Como não conheço quase nada da história mexicana fiquei na dúvida se certos personagens são mesmo reais ou tudo é mesmo invenção. De resto, um jovem (!?) escritor latino-americano nos é apresentado e isto é sempre uma boa novidade. Gostei mesmo do livro. Recomendo. Soube que a Casa da Palavra também lançou "Santa Maria do Circo", um romance que é "realismo desvairado", nas próprias palavras do autor. Vou procurar deixar aqui minha cabotina resenha (quando terminar de ler, é claro!).

"O último leitor", David Toscana, tradução de Ana Pelegrino e Magali Pedro, editora Casa da Palavra, 1a. edição (2005) ISBN: 85-87-22096-9

Nenhum comentário: